- Gerar link
- X
- Outros aplicativos
- Gerar link
- X
- Outros aplicativos
Vivo dentro de um pavilhão de noites
Primaveras tardias são tudo que tenho
Violetas vencidas, gérberas sépias, girassóis que não giram
Um sol da meia-noite chega, banha a janela com sobejos de raios e vai
embora
Vivo triste dentro de uma redoma de desencantos
Passeio por um corredor assombrado e já nem noto os fantasmas
As olheiras das paredes, a boca das portas
E o inferno no quintal já não me amedrontam
Convivo com serpentes e dragões
Ervas
daninhas
Pragas que afastam as abelhas
Roubaram meu mundo doce
Vivo amargo dentro de um universo de barro
Osculo os pés do tempo para que ele se adiante
Mas ele se arrasta - não tem pressa
Há quem note as horas galopando enlouquecida
Mas meu relógio... meu relógio é um trôpego andarilho
Que de tão lento nunca atravessa a noite
(Eu
nunca conheci um amanhecer).
-
Radyr Gonçalves
Copyright 2017
Todos os direitos reservados
Comentários