COMISERAÇÃO NOTURNA - RADYR GONÇALVES

 


O que a noite de mim confessa, acorda os estigmas adormecidos. A Lua, inocente, de nada sabe, não cabe a ela saber das dores calcinadas da alma, das ervas daninhas plantadas nos jardins dos sentimentos outrora entorpecidos. Os pensamentos vagueiam na desordem poética das lembranças sépia das fotografias íntimas. Os barcos se foram, os beijos, a brisa do mar fez um contorno de adeus, e as águas apagaram nossos nomes da areia da praia. O que a noite de mim confessa, adormece os sonhos de paraíso. As estrelas carentes, nem percebem a plenitude da minha comiseração. Meus pensamentos cadentes me furtam os versos ulteriores. Tudo passa, mas as cicatrizes que se metamorfoseiam em poesia permanecem vivas, ávidas para serem lidas, para serem lembradas em noites como esta em que eu choro.

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Radyr Gonçalves

 

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