O que a
noite de mim confessa, acorda os estigmas adormecidos. A Lua, inocente, de nada
sabe, não cabe a ela saber das dores calcinadas da alma, das ervas daninhas
plantadas nos jardins dos sentimentos outrora entorpecidos. Os pensamentos
vagueiam na desordem poética das lembranças sépia das fotografias íntimas. Os barcos
se foram, os beijos, a brisa do mar fez um contorno de adeus, e as águas
apagaram nossos nomes da areia da praia. O que a noite de mim confessa,
adormece os sonhos de paraíso. As estrelas carentes, nem percebem a plenitude
da minha comiseração. Meus pensamentos cadentes me furtam os versos ulteriores.
Tudo passa, mas as cicatrizes que se metamorfoseiam em poesia permanecem vivas,
ávidas para serem lidas, para serem lembradas em noites como esta em que eu
choro.
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Radyr Gonçalves
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