- Gerar link
- X
- Outros aplicativos
- Gerar link
- X
- Outros aplicativos
Um sol manso
banha a praia grávida de nuvens cinza
Água do mar é
bom para lavar a alma
Acende, ascende
Enche a vida de
vida
Essa vida
lívida de quem olha para o futuro é enxerga o monturo
A lápide com
alguma inscrição nervosa
De quem nada
foi
O que será
escrito no mármore barato?
Resta ao homem
sensível olhar o mar
E debruçar-se
nesse viés místico das coisas
O sal cura as
dermatites – ao menos
Minora a
tristeza da pele
Essa tristeza
de homem urbano preso nos olhares da turba que não olha para nada
Ninguém percebe
a flor do mar
Haveria uma
sereia banhando-se nas pedras?
Ninguém sente o
sabor do sal
O calor do
outro, o abraço do outro, a vontade do outro
O outro é
apenas um coadjuvante na cena acelerada
Resta ao poeta
desiludido abraçar a onda
Imaginar barcos
salva-vidas de sonhos
Viajar por
entre esses hemisférios astrais
E debulhar o
elemento quântico
Energizando-se
do invisível
(O invisível é
paradoxalmente a coisa mais palpável para mim).
-
Radyr Gonçalves
Copyright 2017
Todos os direitos reservados
Comentários