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Desliguei-me das métricas loucas desta vida pouca
Encontrei o vinho no meio do caminho
Mas eu não bebo
E apenas fico a admirar os barris
As maçãs dos seios destas uvas
As coxas dessas frutas que um dia murcham
E choro o choro dos loucos
Aquele choro que não cabe nos vieses literários
Aquele que não cabe na poesia
Aquele que não cabe no olho esquerdo do coração
Desenho na memória essas meninas de biquínis
Vermelho-sonho
Azul-tulipa
Malva-glande
Anoto em meu diário os itinerários destes corpos sem norte
Rascunho cada silhueta
E distraio-me catalogando estes pássaros
Examino a ingenuidade poética da minha caneta
Faço pantomimas, caretas
Estes cadernos modernos e estes teclados
Fazem com que os fantasmas dos telhados fujam
E tudo fica menos assombrado
Rasuro alguns escritos
Meu ódio, meu grito, meu desabafo
Releio meu cansaço,
Revejo minha pulsação,
(Minha veia poética é caótica)
Mas pela minha ótica, algo extremamente necessário a minha sobrevivência de alma...
É que sem rascunhar minhas visões cotidianas
Sem essa tinta que me engana
Eu seria só um sujeito infeliz
Mas assim, sou pelo menos um sujeito infeliz que escreve
Linhas breves.
-
Radyr Gonçalves
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