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Não
há quem saiba, não há quem conte
O
que de fato aconteceu
Ivone
perdida no breu
Perdeu
a linha norte do labirinto da vida
Ferida
Sangrava
Andava
despida
Descabelada
– abraçada sempre a um vestido roto, enxovalhado...
Ivone
deixou recado
Dezenas
de sinais não notados
Quando
sentada olhando para o mar:
Pensava
na imensidão do que se é morrer
Quando
jogada nas calçadas – embriagada:
Ensaiava
o inferno...
Ivone
pensava no Eterno
No
além-rio, além-mar – no além do além
No
amém da última oração
Na
solidão do seu féretro não pranteado
No
vazio da sua história
Na
sua pequena biografia
Nasceu
no beco – cresceu nas Rocas – morreu Maria
Ivone.
Maria
Ivone pulou da ponte.
-
Radyr Gonçalves