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Bombeio
no poço das lembranças antigos balanços de cordas
Armados
nos músculos do cajueiro
A
vida indo e vindo ao som da canção da madeira
As
tardes amareladas – o sonho azul – o tempo bem costurado
O
sabor do vento beijava a infância
A
imaginação era uma semente fértil
Eu
tinha meu paraíso – meus túneis de glicínias
Meu
carrossel de girassóis falantes
Minhas
minhocas Cartepillars
Meu
baú de cedro abarrotado de ilusões
Tomava
banho de mangueira
Na
bica – quando chovia – e chover era tão raro
Quando
chovia éramos mais ricos ainda
Eu
era dono da rua – e minha rua era ladrilhada de piçarro
Eu
tinha um carro feito de algodão de nuvens vespertinas
E
um trenzinho de garranchos matinais
Eu
tinha um reinado simplório – uma visão musical do mundo
Eu
cantava por tudo, pra tudo, com tudo
Eu
acreditava nas fadas – nos bichinhos das maçãs
Nas
vozes das pedras
E
quando eu me balançava pra lá e pra cá no balanço de cordas
Eu
nem sabia que aquilo era o que chamam hoje de felicidade
Era
natural ser feliz naquele tempo...
Diferente
de hoje.
-
Radyr Gonçalves
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