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Tinha uma plantação de girassóis
albinos no meu quintal
Morreram ao saberem que vou
morrer
Sobraram os galhos secos, o
corvo empalhado no alto do lírio
Minhas últimas pisadas frias –
tão suaves, quase invisíveis...
Deixei escrito poemas
deformados
Críticas, jornais vencidos e um
pouco de mel
Eu sempre fui doce
Embora não dance
Eu sempre fui leve com os pés e
com as mãos
Surrupiei do céu meu último pôr
do Sol
Juntei o esqueleto do dia
E parti carregado
Como quem carrega o mundo nos
costas
O mundo pesa demais, rapaz!
São fardos de dias
Fardos das noites
Fardos que vão deformando a
coluna...
Deixei escrito uma receita de
café especial
Um pequeno tratado das minhas
descrenças
Apontamentos, rascunhos
desconexos
Um livrinho escrito sobre a
coragem de prosseguir
E algumas sementes de girassóis
albinos
Que um menino desconhecido
passou por aqui e deixou...
-
Radyr Gonçalves
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