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Escreverei sobre a chuva
E outros contratempos
E lembrarei que é bom chorar em
meio às comédias
Uma vida e uma cadeira de balanço
É o suficiente para o homem
ponderar
Sobre o aumento da carne e do
frango
E a palidez dos tomates
E o uso indevido dos agrotóxicos
E repensar sobre a falta de sabor
dos chuchus
E nas coisas da alma
Na essência moral
Nos pilares de nossa fé
Nos alicerces de nossas
descrenças
Na nossa falta de paciência
Nos signos do zodíaco
Na ciência
Naquilo que é mais elementar
Uma vida e um cacho de pitombas
É o suficiente para chegarmos a
certas conclusões
E entender melhor as tempestades
E compreender melhor as vozes
vespertinas
E ouvir melhor as queixas de
setembro
E saborear o resultado daquela
equação
Chove em Natal, e chover em Natal
e um desastroso milagre
Falta saneamento
É um tormento
Mas parte da nossa vida é feita
de pequenos tormentos...
Uma vida, doce de goiaba e queijo
É tudo que um homem precisa para
saborear o momento
E esquecer o tormento
E tornar a si...
Escrevi tão pouco sobre a
chuva...
Mas chove agora em Natal.
-
Radyr Gonçalves de Araújo