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A palidez dos paralelepípedos
pisoteados
Paralisam minha desnorteada mente
É tanto fruto sem semente
É tanta dor na dor da gente
Que o chão abre-se de angústia
sob nossos pés...
Uma poesia sem chão, quase sem
noção poética
É o que vejo nas avenidas
Homens sem ternura
Contando suas feridas
E tantas são as feridas dos
homens, meu Deus!
A exatidão do tempo aconselha o
homem
Mas o homem não tem remendos, meu
Pai!
O homem é este trapo, ingrato
Que lambe a lama
Que cospe no prato
E não se dobra
E cobra
E mata
E rouba a si mesmo
O homem é soberbo
E a soberba corta
Fecha tudo que é porta
Lacra as janelas
Corrompe a maloca
Onde poderia viver em paz
O homem, rapaz...
É esse cais perturbado
Que atormenta com o olhar
Os braços deste velho mar
Causando estas tempestades...
-
Radyr Gonçalves