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O credo das pedras parideiras
O rito das velhas rezadeiras
O mito das falsas carpideiras
Enchem o mundo imundo
De jardins insensatos
Não creio no grito das montanhas
Nem nas línguas dos galhos do ipê
Não creio na falácia dos carvalhos
Nem nas ordenanças do mar
A religião do pilar concretado
A certeza do aço galvanizado
O teto que mente
O altar
A semente
A dança das tranças das crenças
A morte
A fome
As doenças
Não creio na farda escura da sentinela vermelho
Nem da glossolalia dos pombos pedreses
Há muito de neuroliguísmo no imã dos púlpitos
E pouca água e sabão
Para se limpar o chão
Há muitas tesouras cegas
Há muitas vassouras lesas
A loucura do vitral embaçado
O lilás desbotado no fogo da pira
A mitra morta
A ovelha torta
O feno na porta
E o rebanho morrendo de fome
Que estranho!
-
Radyr Gonçalves