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Meu menino imaginário
Fez parte do meu lendário mental
Corríamos nos campos
Banhávamos na chuva
Brincávamos no quintal...
Royal era seu nome...
Nunca reparei na cor da pele
Nem no timbre da sua voz
Era como se ele fosse um novo menino a cada dia
Agora acho que ele também era míope
Que tinha os pés tortos
Que gaguejava e resmungava
Eu hoje acho que era eu atrás do espelho
Meu menino imaginário
Tinha um diário de contos
Fatos poéticos inquebráveis
Falávamos de guerras e soldados de plástico
Cantávamos cantigas e marchinhas de ordens
Ditávamos regras, quebrávamos telhados
Liamos Crusoé, e tecíamos filmes imaginários
Tínhamos nossos próprios cavalos
Nosso próprio Oeste Velho
Com ele aprendi cantar uma única música em inglês
Oh let
me fly, oh let me fly
Let me
fly to Mount Zion, Lord, Lord
Hoje, conversando com meus botões
Lembrei dos oitões, das quadras, dos capinzais
Lembrei do cuco na parede
Que sempre apontava as horas de Royal sair de dentro de
mim
E Royal me abraçava
Era o abraço imaginário mais verdadeiro que já tive
Meu amigo...
Quando cresci
Esqueci o endereço, minorei meus sentimentos de pureza
E a incerteza se apoderou de mim...
Royal foi embora e eu nem o vi partir
Foi como se morresse na guerra
Na guerra de dentro de mim.
-
Radyr Gonçalves
Copyright 2013
Todos os direitos reservados