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A vida não me deu um tempo
Datas, horários, calendários
A vida me tem por otário
Eu não entendo este lance de destino
Teogonias, antropologias, psicologias
Dizem que alguém explica minha falta de pão
De teto, de toque, de água, de chão
Eu não entendo estas lágrimas teimosas
Nem estes estigmas tatuados na minha alma
O sol nunca me acordou sorrindo
E a lua nunca me ninou a noite
Tenho por mãe o relento
E por pai um cobertor de jornal
Eu nunca me vi num espelho
Mas eu sei que o fantasma de mim
É ignorado por tuas retinas
Quando o céu cinza-pérola anuncia a noite
Eu me guardo no vazio
Tomo o frio por companheiro
E medito no silêncio
Naquilo que não encontro explicação.
-
Radyr Gonçalves
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Todos os direitos reservados
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