COMISERAÇÃO NOTURNA - RADYR GONÇALVES

Louca canção das minhas vontades


Se aboletou entre os travesseiros


Encheu a cama com o corpo

E ficou lá – parada



Silhueta demoníaca

Ainda beijo o chão do inferno

Tenho doces motivos pra isso



Gesticulou um aceno pausado

Fez bailar as pernas num ato relâmpago



E eu lá

Cheio de encantos mapeando toda a cena



Ela me ganha com suas mãos de magia

Me fascina com seu riso nu



Imagino-me pousando livre

Roçando ardente a lanugem virgem

Do seu corpo



Tremo aqui dentro

Sofro aqui fora



Posso rastejar

Miseravelmente me dobrar

Às tuas vontades



E padecer trôpego de tanto prazer

No emaranhado da minha loucura



Que não tem fim

Não tem cura.





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Radyr Gonçalves
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