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Moça vestida de praia e sol
Solitária Ipanema
Cem Cecílias escrevem um poema
De um fim de tarde sem Deus
Gaivotas conversam com o horizonte
O céu no cair do sol é cor do inferno
Eu esqueci meus passos na areia
Pensei no vazio de um deserto
Refiz pensamentos de grão em grão
Pensei nas bocas fáceis, nos risos das hienas
Na ironia das putas, na praia sem dono
Moça vestida de bronze
Na Ipanema da minha tarde
Mil prostitutas enfeitariam a praia
Mas uma moça apenas desenha a paisagem
Pelicanos exorcizam peixinhos
E eu já não tenho fé em nada
Um barquinho ancorado parece chorar pescadores
Refaço meu caminho de volta na orla
E já não vejo a moça
Agora a paisagem se anula
Não vejo mais o pórtico, nem o mirante
Eu já sei qual a cor do céu quando o sol se fecha
Não sei quantas quadras há daqui pro inferno deste dia tão quieto
Tão sem cara de Ipanema.
-
Radyr Gonçalves
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