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A máquina do trem
Desliza solitária
Nos trilhos assombrados
Da ferrovia
Eu ouço o uivar agourento
De um cão vagabundo
Eu ouço o canto infeliz
De um bêbado moribundo
Eu o ouço a voz soturna
De uma ave noturna
Eu ouço minha própria voz
Ecoar baixinho cá dentro
Dos meus espinhos
Eu contabilizo
Minhas vicissitudes
Meus riscos
Minhas esperanças
Minhas desarmonias
Eu peso as minhas energias
Eu ouço o vento
Falar de amores
Eu ouço a chuva fininha
Falar horrores
Do clima
Do tempo
Da brisa assanhada
Das moças mimadas
Das mulheres ilhadas
Nos quartos da solidão
Ouço-me a ciciar venturas
Do dia seguinte
Flagro-me a pensar no sol
Na luz pós arrebol
Pego-me entretido
Com pensamentos de pele, boca, suor...
Lanço-me por completo
Nos braços de um xodó
Que é o tecido mestre
Da minha poesia de amanhã...
A máquina do trem
Desliza solitária
Nos trilhos assombrados
Da ferrovia...
Já o ouço distante...
Muito distante.
Radyr Gonçalves
Copyright 2009
Todos os direitos reservados
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