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Eu olho o mundo com olhos de sono
Bocejo entre um olhar e outro
Essa garoa, esse frio, esse éter
Me dá uma indisposição desgramada
Mas vejo os urubus a vigiar de longe
E os escorpiões a planejar o golpe
Eu vejo a raposa tramando rinhas no covil
Eu vejo o gavião tirando a paz dos pombos
Entre um cochilo e outro
Eu vejo tuas bocas
A reclamar do café que derramou na blusa
Ou do barulho das crianças do vizinho...
Eu olho o mundo com olhos famintos
Me alimento entre um olhar e outro
Essas cores, esse teu cheiro, esses teus toques
Dá uma fome desgraçada...
Radyr Gonçalves
Copyright 2009
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