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O chá esfria na xícara morta
O mofo nos meus olhos denuncia minha amargura
A camomila pulula na agonia de ser chá de um moribundo
Noite passada eu sonhei com tigres de bengala
Eles devoravam meus poemas com pimenta e cominho
Eu não entendo essa selvagem ânsia do destino
Tem uma cadeira de balanço lá no sótão
Que balança sozinha rangindo fofocas
Macaquinhos bisbilhotam minhas cartas
E o lodo se apodera de um tesouro que guardei
O chá esfria na xícara morta
As noticias do jornal perderam a vigência
A camomila morre de tédio
E eu aqui a contar carneirinhos em plena luz do dia.
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Radyr Gonçalves
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