COMISERAÇÃO NOTURNA - RADYR GONÇALVES

APETRECHOS DE SOLIDÃO


Da janela
Uma coruja tagarela
Reza uma prece maldita
Tetéus publicam um sinistro
Ato noturno

E Ana no escuro
Sob a luz opaca dos próprios olhos
Da janela
A lua emudece
E nua

Ana
Pranteia a rua vazia
Chora Ana de choro solidão
Sob a critica da noite assombrada

Da janela
Olha ela
Pra dentro de si
E encontra o vazio
Preenchido
Por lembranças
Fotografias do tempo
Dores caladas
Figuras de papel

Da janela
Ana resgata
Pétalas dos lutos
Pérolas falidas
Frutos vencidos
Produtos não usados
E um vestido vermelho
Jogado no armário...

Da janela
Uma coruja tagarela
Aguarda o arrebol
Enquanto Ana conta nos seus botões
Os apetrechos da solidão
Que vaticinam sua iminente perdição.

Radyr Gonçalves
Copyright 2008





Comentários