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I
Cavalos galopam trôpegos em um
carrossel enlouquecido
Sábado entre abrolhos de abril –
faróis apagados, bangalôs assombrados...
Enormes macacos tristes choram diante
da floresta queimada
O homem já não chora mais – a sensibilidade
é uma rocha caótica
II
Diante da luz amarronzada do abajur
noturno – a vida segue crua
Ouvirei as filosofias das mariposas
desencantadas: a morte é um cigarro queimando apressado
O perfume das alcovas é o perfume de
pequenas rosas escravas
III
A poesia que enche as nuvens de chuva
sempre teima em fugir do sertão
A gaiola das privações – a fome
sertaneja – a dor sertaneja – o mandacaru deprimido
A silhueta de um verso escondido – a sombra
de uma casinha branca
O galo pedrês – carijó – o homem só –
o dó de uma canção desafinada
A viola violada – o alpendre vazio – o
cachorro vigilante – o livro na estante
A leitura morta
IV
A cena urbana do outro lado da página –
a angina agoniada – o trema morto, o trauma torto – a psicanalise sem base – a holística
do reino das formigas
A ruptura, o homem, o pecado, o vício,
a margarina, a gordura
A pele esponja, a alma esgotada dos
homens nas calçadas
E o desespero de um relógio neurótico
engasgado com o tempo
São Paulo
São Bento
Socorra-nos!
-
Radyr Gonçalves
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Todos os direitos reservados
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